Querido Astro

Espero que esta minha carta te encontre de perfeita saúde que nós por cá vamos indo, na graça de Deus. Vou ausentar-me por uns dias para gozo de um pequeno período de férias. Prometo voltar depressa. Bem sei que não gostas de estar sozinho mas eu também preciso de descansar. A vida aqui na aldeia tem sido uma canseira e é tempo de parar para respirar outros ares porque a idade também já vai pesando nos ossos. Vou pedir à vizinhança que te vá deitando um olhinho para saber se está tudo bem. Acho que ficas bem entregue. Agora despeço-me com amizade na certeza de que te vou encontrar à minha espera com o mesmo sorriso e disponibilidade que sempre me dedicaste. Recebe todo o meu amor e carinho.

Da tua sempre fiel e sincera amiga

marta r

Quando é que chega a minha vez?

Depois dos camionistas, dos pescadores, da malta dos reboques e dos utentes da ponte, os agricultores "Não temos alternativa senão continuar os protestos. É a única linguagem que é ouvida pelo Governo", jura um tal de João Dinis, da direcção da Confederação Nacional da Agricultura. Excelente argumentação: ir para a rua gritar e parar o país que não produz um pingo de petróleo e está totalmente dependente do exterior é sempre uma opção viável. Resta saber para quem.

Assim, de repente, fim-de-semana rima com fim-de-Primavera

Fruta da época

‘O Segredo’ de Bob Proctor

"Se visualizar na sua mente aquilo que deseja e fizer disso o seu pensamento dominante, atrairá o que quer para a sua vida". Extraordinária frase. E de onde veio esta há mais, muitas mais. É desembolsar 30 a 60 euros para entrar hoje no Pavilhão Atlântico e ouvi-las em directo e ao vivo. Sete mil pessoas já o fizeram. Não consigo é perceber porque é que não tentaram com a mente atrair o bilhete para as suas carteiras. Sempre ficava mais em conta.

Carrapatos

Volta e meia, eles voltam, tal como as alergias na Primavera e o pingo no nariz no Inverno. São uns resistentes, estão sempre por ali à cata de um repórter qualquer para fazer um directo a exigir a demissão do ministro das obras públicas, seja ele quem for. Não sei bem quantos fazem parte do grupo que diz representar os utentes da Ponte 25 de Abril porque o protagonista é sempre o mesmo: um tal de Aristides Teixeira, aprumado e bem-falante que até já foi candidato à presidência de república. Hoje, buzina-se na Ponte 25 de Abril para contestar o aumento dos combustíveis. E eles lá estão, claro. A apelar ao fim das portagens. Não é bem a mesma coisa mas isso não impede que eles não possam apanhar a boleia para conseguir os minutos de atenção que justificam a sua existência.

Não dá para agilizar o processo e enviar já uns quantos?

'A Nasa planeia colonizar a Lua a partir de 2020, para a partir dali, enviar o homem para o resto do sistema solar, começando pelo planeta vermelho - Marte - até ao ano 2037' (Diário Digital).

Assim, de repente, o calor e tal e os pés e os sapatos

estou aqui

Um certo conforto

Convenhamos que não deixa de ser assustador sintonizar a SIC Notícias pela manhã e ouvir falar em camionistas assassinos, postos de gasolina à míngua e alfaces e rabanetes em falta nas prateleiras dos supermercados. Mas eis que ouço um tal de Karel Brückner dizer que ‘Portugal é o favorito para hoje’ e fico mais descansada. Mesmo com a ameaça do escorbuto a pairar nas nossas cabeças, somos favoritos e isso não é para qualquer um.

Assim, de repente, há festa na praia este fim-de-semana

É o que a malta quer

«Música popular, petiscos e Luís Figo em Neuchâtel» (um título na edição de hoje do JN)

Pois

Em quem acreditar quando se vem no carro pela manhã e se ouve na rádio ‘céu limpo em todo o país com excepção da zona norte’ e se olha em direcção à localidade onde se irá passar o resto do dia sem conseguir vislumbrar um ponto azul por pequeno que seja num imenso céu salpicado de cinzentos de todas as cores? No Pai Natal?

Que queremos nós?

O que é um ciclo de cinema feminista? Uma mostra de filmes realizados por mulheres ou para mulheres? Filmes com temáticas femininas? E o que são temáticas femininas? A prostituição, as questões laborais, o aborto? O que é um olhar feminino da vida? E já agora onde é que posso encontrá-lo?

O apelo da raça?

Eu bem que tento mas não consigo. Portanto, desisto agora, triste por só ter resistido três postadelas na sequência das boas novas. Porque, tirando a suave canícula que se avizinha e os portugueses ao rubro no aeroporto de Géneve, é o vazio. Um buraco sem luz ao fundo. Não há uma informação, um dado, um número, uma convicção em tudo o que li e ouvi hoje que se possa considerar uma boa notícia. É claro que podia sempre referir a utilidade da derrota de Pedro Santana Lopes nas eleições de sábado. Mas a questão é que a vitória da Manuela Ferreira Leite também não é uma notícia por aí além. Portanto, ficamos por aqui. Vou juntar-me aos restantes 99,9% dos portugueses que se queixam de tudo. Até amanhã, camaradas.