11/04/06

Romeu e Julieta

Ontem, um idoso de 74 anos tomou uma decisão difícil na solidão do quarto que partilhava com a mulher, de 80. Atormentado com o sofrimento dela, causado pela doença de Alzheimer, matou-a com uma bala na cabeça. Depois, foi para a rua e estoirou com a cabeça dele também. Diz um amigo da família que foi o "desespero e o desgosto". Eu digo que foi o amor. Tem tudo a ver.

9 comentários:

nspfa disse...

inda se utilizasse o suicidio para se livrar da solidão...agora estando juntos!Não sei, mas tenho dificuldade em chamar amor a isso. A doença aproxima as pessoas, acresce de sentido ao amor, não o elimina.

Anónimo disse...

Quantos Romeus vivem em desespero com as suas Julietas e Vice verso,sem conseguirem superar doenças, abandonos, velhices, etc.Este momento trágico que terminada a leitura do texto (breves segundos)passará a nada,culminou com o desaparecimento de dois seres vivos. Que estranha realidade esta que vivemos.Onde uma bala cura do sofrimento.

Anónimo disse...

Luis, não compreendeste. O suicidio neste caso,pode ser para não ver a pessoa amada sofrer. Pode ser entendido como uma enorme prova de amor, tão grande que não cabe lá mais nada. Não elimina o amor,transporta-o para lá da nossa vã existência, como diria Shakespeare. A doença ás vezes não aproxima as pessoas, o que aproxima as pessoas são os momentos bons e umas boas garalhadas. O sofrimento é um estigma muito grande. Que este casal, descubra para além deste acto desesperado, uma outra vida que lhes permita a continuação desse amor.Paz às suas Almas.

Anónimo disse...

onde se lê : garalhadas, deverá ler-se. gargalhadas.As minhas desculpas pelo erro.

Anónimo disse...

Vá-se lá entender o tiro ou a fraqueza que lhe deu se foi forte ou fraco amor ou ódio : (
Mas foi um final triste? ou feliz ?
O amor estava lá.

Custódia C. disse...

Se houvesse um referendo sobre a Eutanásia em Portugal, eu votava a favor.
Sei que não é disso que estamos a falar aqui, mas se calhar se a mesma existisse, esta situação não tinha surgido.

Anónimo disse...

" A vida amou a morte mais do que havia para morrer "

Fabricio Carpinejar

tulipa_negra disse...

concordo, acho que foi um acto de amor... é horrível ver sofrer quem mais amamos, princiaplmente quando não podemos fazer nada para evitar esse sofrimento

nspfa disse...

Eu tb sou claramente a favor da eutanásia e acho até ridiculo ser contra.

Tenho internados 2 casos perfeitos do que se trata neste post. Poder ver a pessoa, tocar-lhe, tratar dela, limpar-lhe o suor, às vezes as lágrimas, poder dar-lhe beijinhos, miminhos, ficar a visita de mão dada, ter o objectivo de aquela hora do dia estar com o marido ou esposa...isto são provas de amor. Sofrem muito? Sem duvida. Mas ao menos podem demonstrá-lo.

Fica tb claro que não acredito nessas balelas da vida depois da morte, e sim, a doença fortalece os laços entre as pessoas.Acredita em mim!:-)