29/04/08

Vamos lá a ver

Acho óptima a ideia de transformar o 'Equador' em série de TV. A história é boa, as personagens são espessas e cheia de nuances, os cenários e ambientes estão carregadinhos de referências históricas que caem sempre bem ao nosso povo ultimamente tão saudoso.

Aparentemente, o receio de uma adaptação desastrosa parece atenuado pela supervisão atenta do autor, que acompanhou de perto a passagem para a linguagem televisiva. Portanto, e mesmo tratando-se de um produto made in TVI, há que ser optimista e acreditar na equipa técnica, nos actores (quase todos eles muitos bons) e nos textos. A única coisa em que, por enquanto, não acredito é no louro platinado da Maria João Bastos. Não imaginei a britânica Ann com ar de esteticista de subúrbio.

24/04/08

Assim, de repente, pelo dia de ontem e pelo dia de amanhã














Cakes designed by Paula Pryke (via wallpaper )

'Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo'

Sophia de Mello Breyner Andresen

22/04/08

Nós, África e a guerra colonial

‘Os Retornados’, de Júlio Magalhães, ‘Deixei o meu Coração em África’, de Manuel Arouca, ‘Fala-me de África’, de Carlos Vale Ferraz. ‘Olhos de Caçador’, de António Brito, ‘O Último Ano em Luanda’, de Tiago Rebelo, só para citar alguns, os mais recentes e todos no domínio da ficção. Subitamente, as prateleiras das livrarias encheram-se de capas em tons acastanhados, com palmeiras e homens vestidos de linho branco ou helicópteros e cenários beligerantes com mato e tudo. Decididamente, as editoras andam a cruzar nostalgia com vendas. Aparentemente, há leitores ansiosos para comprar bilhete de regresso às ex-províncias. Definitivamente, a literatura portuguesa acordou para o passado ultramarino. Sem que isso seja mau, quererá dizer o quê?

21/04/08

Bolas!

Mesmo para mim, que costumo passar ao lado de histórias que envolvam dirigentes desportivos, árbitros, ourives, meninas simpáticas e disponíveis e agentes de viagens, acho que isto é inacreditável, inaceitável, quase imoral.

15/04/08

Que bom, que bom, que bom

«Uma empresa portuguesa criou um serviço inovador para telemóveis, semelhante a uma rede social virtual, que permite localizar pessoas em tempo real (...) 'Com o 'wizi' podemos partilhar a nossa localização e saber onde se encontram amigos, familiares ou outras pessoas que estejam inseridas na nossa rede que funciona um pouco como o 'messenger', explicou o responsável da empresa que desenvolveu o produto (...) 'Uma mãe pode saber se o filho está na escola ou em casa ou um grupo de amigos pode facilmente encontrar outras se forem sair à noite. Tudo isto em tempo real', exemplificou» (in Diário Digital)

Que ideia estimulante esta, das mães controlarem os filhos, dos chefes fiscalizarem os funcionários, dos maridos vigiarem as mulheres. Mal posso esperar para subscrever esta espécie de serviço de acompanhamento em tempo real. É quase enternecedora esta possibilidade de estar sempre debaixo do olho de alguém. Ou melhor, do olho de toda a gente.

14/04/08

Mas tem que ser tudo à bruta?

A entrada em cena da operadora Meo deu numa avalanche de séries que até mete impressão. Só nos próximos dias, estreiam dez. Comigo, tanta fartura começa a ter o efeito contrário porque não consigo reter na memória RAM mais do que uma ou duas e acabo por me tornar infiel mesmo a essas resistentes. Aliás, estou quase a chegar a esse ponto. Mas antes que isso aconteça vou abrir uma excepção para "Californication", hoje, às 23h10. Na dois. É capaz de valer a pena.

10/04/08

Nossos tempos

«Neste contexto, David Mota achou mais prudente mudar-se para a casa de Castelo Branco (..) Agora, ele e Castelo Branco divertem-se a falar de moda e arte, a maquilhar-se em conjunto, ao espelho, e a escolher os pijamas com que vão dormir». (Filho de Maria das Dores, condenada a 23 anos de prisão pelo "homicídio qualificado" do marido, o empresário Paulo Cruz in Público)

«Se contarmos uma história em que, por acaso, tivemos de ir ao centro comercial num domingo, desculpamo-nos primeiro. Fazemos o mesmo se queremos falar de algo que lemos numa revista cor-de-rosa, dizemos: li na sala de espera do dentista, vi a capa numa bomba de gasolina, mostrou-me a minha mulher-a-dias que vê telenovelas enquanto passa a ferro» (José Luís Peixoto in Visão)

«Mário Machado afirmou 'ter forte convicção' de que 'há a propensão da raça negra para o crime'» (líder dos Hammer-skins portugueses in Público)

08/04/08

Porquê

Porque é que não há telemóveis só com duas ou três funções básicas, todas com acesso visível no ecrã? Porque é que eles são vendidos numa cápsula espacial à prova de bomba nuclear? Porque é que as lojas tmn estão sempre apinhadas de gente zangada? Porque é que os funcionários aparentam uma postura quase militar e capacidade para resistir a todo o género de investidas violentas mas não abandonam aquele sorriso? Porque é que os telemóveis estão cada vez mais leves e fininhos, tornando a tarefa de localizá-los dentro da bolsa uma alucinante corrida contra o tempo? Porque é que na galeria de toques só há músicas foleiras? Porque é que eles se avariam e nos obrigam a voltar ao ambiente hostil da loja tmn onde o nosso objectivo se fixa mais em tentar desmontar aquele sorriso do vendedor do que resolver o problema? Porque é que toda a responsabilidade do equipamento é só da marca que o fabrica e nunca, mas mesmo nunca, do operador que o comercializa? Porque é que há lugares para sentar em todas as lojas tmn? Porque é que uma substituição que resulta de um defeito de fabrico demora entre 2 a 3 semanas? Porque é que os telemóveis não duram uma vida?

07/04/08

Mais uma segunda-feira, mais um alerta

Mau tempo coloca todos os distritos de Portugal continental e ilhas com avisos” diz o Público, dizem todos os jornais, as rádios, os telejornais. Desde sexta-feira que não se fala de outra coisa. Que o tempo vai piorar na segunda-feira, que há chuva e vento com fartura para os próximos dias, mais um alerta cor de laranja para aqui, um amarelo para acolá, quiçá um cor-de-rosinha em alguns distritos. Um dia, o Instituto de Meteorologia vai prever um verdadeiro dilúvio daqueles mesmo, mesmo a sério e toda a gente vai assobiar para o lado. Eu, pelo menos, já duvido muito destas coisas. Mais depressa acredito que a Maddie está viva do que nestas antevisões apocalípticas.

02/04/08

Luz ao fundo do túnel?

«Apenas a RTP2 e os canais cabo, no seu todo, aumentaram a quota de espectadores em Março em relação ao mês anterior» (in JN). Estas descidas de audiências da RTP, SIC e TVI não se reflectem quase de certeza em mudanças significativas de programação mas podem representar tendências - ainda que tímidas - de um certa necessidade de renovação. Digo eu, que sou uma optimista, pronto. Chamem-me inocente.