28/02/12

Com dedicatória*

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

Sophia de Mello Breyner Andresen

* para a mulher mais generosa e valente que conheço, que faz anos hoje. 

26/02/12

i love iTunes

23/02/12

Acho interessante

que da entrevista que o nosso verdadeiro primeiro ministro deu ontem à TVI24, só se fale da tolerância de ponto que não vamos ter no Carnaval de 2013 (exemplo 1 e exemplo 2 e exemplo 3). Digo interessante, assim, na perspectiva de esclarecedor, porque se quisesse ser totalmente sincera diria que é uma tristeza. 

21/02/12

Desconfio

que hoje o dia vai acabar primeiro do que os queixumes de quem está a trabalhar.

A elegância

é um complexo equilíbrio entre a beleza e a invisibilidade. E este é um  vestido que hoje me deixaria feliz. 

17/02/12

«Quem


me dera ganhar o suficiente para a minha mulher ficar em casa», diz um colega de trabalho a propósito das declarações do tal cardeal que recebe amanhã os anéis e os barretes cardinalícios das abençoadas mãos do Papa. É uma pena que não ganhe o suficiente para não trabalhar de todo. Em nenhuma empresa e especialmente naquela onde me encontro. 


«Depois do episódio da República,

que mesmo assim não afectou - ou afectou pouco - o interior do país, desde meados do século XIX, nunca o país deixou de viver num Estado poderoso e vigilante (...) Salazar, de resto, organizou, alargou e consolidou a repressão. Com alguns brevíssimos sobressaltos pelo meio, a herança que a ditadura legou foi uma herança de conformismo e obediência, que permanece viva, e frequentemente dominante, no Portugal de hoje, com a sua complacência e a sua democracia (...) A troika escusa de se preocupar. Cá na terra nós fazemos sempre, ou quase sempre, o que nos mandam. E não gostamos nada de aventuras».

Vasco Pulido Valente, no Público de hoje, e com carradas de razão 

15/02/12

Se não contar


com a mesquinhez de algumas criaturas com quem tenho o azar de me cruzar periodicamente na vida mais o barulho daqueles aspiradores urbanos que sugam as folhas das árvores como se tivessem que arrancá-las do manto terrestre, haverá poucas coisas na minha pacata existência que me tirem mais do sério do que uma reunião de condomínio. Acabo sempre a jurar a mim própria que vou comprar um monte alentejano com uma distância de mais de 100 quilómetros dos vizinhos mais próximos, que não deverão ter, em circunstância alguma, mais de 60 anos. 

14/02/12

Richard

and Mildred, isto sim uma história de amor. 

13/02/12

Balanço do fim-de-semana


Um espantoso livro, uma exposição acima das expectativas e um filme coxo. Zero televisão, muitas horas de sono. Sol e frio. O equilíbrio quase perfeito. 

10/02/12

09/02/12

Sinceramente,

já não há pachorra para estes soundbytes do nosso primeiro. Alguém lhe enumere, por favor, as virtudes do silêncio. Em desenho, ilustração, tabela, conto, poema, linguagem gestual, qualquer formato serve desde que ele se cale durante os tempos e que nos deixe trabalhar. Que é afinal para o que cá estamos todos.

08/02/12

Folhas


de horas e de obra, relatórios de despesas, power point vários com actualizações diárias e semanais, gráficos de excel, status, livros de ponto. Actas e agendas de reuniões. Reuniões. Briefings e propostas. Estou em contraciclo. A cultura do rigor, da exigência e da organização entedia-me de morte. 

07/02/12

É gira, tem estilo

e uma educação esmerada em colégios de Inglaterra e dos EUA. Tem preocupações sociais: fundou uma associação para promover a cidadania activa e a participação dos jovens na política. Tem preocupações com o património e quer recuperar 'sítios arqueológicos' da Síria. Tem dois filhos, bonitos, saudáveis, impecavelmente bem vestidos e, muito provavelmente, bem-educados. No essencial, é uma mulher dos nossos dias: moderna, inteligente e culta. Podia viver na Fifth Avenue e pedalar diariamente no Central Park ou num palacete na Avenue Foch mas não vive. É cidadã da Síria, onde habita com o marido, Bashar al-Assad, que apoia ‘incondicionalmente’.  

05/02/12

03/02/12

«É preciso

fazer um corte com uma ideia demasiado artística que perpassa alguma arquitectura. Esta disciplina tem uma série de motivações (o sítio onde actua, o que daí se vê, os materiais que se podem ter, o dinheiro existente para se gastar, o programa a que tem de se responder) e é com isto que inventamos os objectos (...) As tensões estéticas e artísticas têm de existir no interior da arquitectura, mas não podem existir separadamente, ou ser procuradas à partida. A arquitectura não procurar efeitos desses à partida: isso é kitsch».  
Manuel Graça Dias, hoje no  ípsilon

02/02/12

Dica de saúde e beleza para um dia de greve

O exercício de assimilar, compilar e correlacionar dados absolutamente díspares sobre, por exemplo, o número de maquinistas que se baldaram hoje ao trabalho pode melhorar e muito a capacidade dos neurónios mais mandriões, estimulando as células cerebrais e prevenindo doenças degenerativas.