27/02/07

Rendimentos

Não percebo porque razão as declarações de rendimentos dos administradores do Banco de Portugal são o tema de capa do DN de hoje. O que me interessa a mim saber que Vítor Constâncio tem 25% de um apartamento na zona de Estremoz e que tem conta na Caixa Geral de Depósitos ou que um tal de Manuel Sousa Sebastião se passeia num Audi A3?
Não percebo a ideia. Alguém roubou alguma coisa?
Isto mais me parece um convite descarado àquele tipo de inveja, mesquinha, rasteira, própria dos mandriões que anseiam por pontes e férias, não votam e andam por aí a dizer que "eles querem é tacho" e que "eles são todos iguais". E que, depois, "têm estes brutos ordenados". Pois é. E depois?

26/02/07

Pior é impossível

“Cerca das 9.30 horas, a mulher de Albano Pedrosa recebeu um telefonema do Hospital de Leiria, dando-lhe conta de que o marido morrera. Meia hora depois, um novo telefonema do hospital corrigia a informação, dizendo que, afinal, estava vivo e que tinha havido um erro informático. Meia hora depois, um novo telefonema, também do hospital, voltava a insistir na primeira informação” (in Jornal de Notícias)

A história continua com os familiares a abrirem o caixão e a darem de caras com um morto que não era o seu. O ‘erro’ podia até ser muito corrosivo, muito irónico, muito “hitchcockiano”, se não fosse trágico para as famílias envolvidas. Trágico e estúpido e digno de um hospital terceiro-mundista.

23/02/07

Assim, de repente, passaram 20 anos


Venham Mais Cinco - Zeca Afonso

Venham mais cinco,
duma assentada que eu pago já
Do branco ou tinto,
se o velho estica eu fico por cá
Se tem má pinta,
dá-lhe um apito e põe-no a andar
De espada à cinta,
já crê que é rei d’aquém e além-mar
Não me obriguem a vir para a rua
Gritar
Que é já tempo d' embalar a trouxa
E zarpar
A gente ajuda, havemos de ser mais
Eu bem sei
Mas há quem queira, deitar abaixo
O que eu levantei
A bucha é dura, mais dura é a razão
Que a sustem só nesta rusga
Não há lugar prós filhos da mãe
Não me obriguem a vir para a rua
Gritar
Que é já tempo d' embalar a trouxa
E zarpar
Bem me diziam, bem me avisavam
Como era a lei
Na minha terra, quem trepa
No coqueiro é o rei
A bucha é dura, mais dura é a razão
Que a sustem só nesta rusga
Não há lugar prós filhos da mãe
Não me obriguem a vir para a rua
Gritar
Que é já tempo d' embalar a trouxa
E zarpar

19/02/07

Monday, bloody monday

Sem contar com o Rio de Janeiro, Veneza, Funchal e Torres Vedras, via-me em qualquer ponto do Globo que não fosse onde estou agora.

15/02/07

Tempo

A ‘Roxanne’ dos Police comemora o seu 30º aniversário e eu sinto-me contemporânea da rã encontrada ontem no México, presa numa gota de resina há 25 milhões de anos.

14/02/07

Curioso

Hoje festeja-se o Dia dos Namorados. E também o Dia Nacional do Doente Coronário, o Dia Nacional da Luta Anti-Alcoolismo e o Dia Europeu da Disfunção Sexual.
Como se existisse alguma relação entre o amor, o coração, o vício e o sexo.

13/02/07

Aconteceu ontem em Pequim

O pequeno Kim Jong-Il lá cedeu. Não foi fácil. Como todos os ditadores, é teimoso que se farta e só verga quando lhe cheira a excesso de vantagens. Kim Jong-Il vai desmantelar todas as suas instalações nucleares da Coreia do Norte e, em troca, recebe dois milhões de toneladas de combustível líquido e dois milhões de kilowatts de electricidade. De caminho, fica de ficha limpa, deixa de figurar nos alinhados do Eixo do Mal e ganha o seu lugar no coração de Bush. Agora é rezar para que seja um casamento até que a morte os separe. Just in case.

12/02/07

O dia de ontem

Irritam-me os portugueses que têm opinião sobre tudo e sobre todos mas depois não saem do sofá para ir votar. O tom comedido com que reagiu aos resultados do referendo só ficou bem a José Sócrates. A frase "Venceu a cultura da morte! 11 de Setembro, 11 de Março, 11 de Fevereiro. Datas manchadas pela morte!" escrita por uma tal de Mafalda no Blogue do Não é simplesmente deplorável. Achei um bocadinho despropositadas as explosões iniciais de alegria dos movimentos do Sim. A TVI voltou a misturar alhos com bugalhos que é como quem diz referendos ao aborto com sondagens eleitorais e opiniões sobre a eutanásia e o casamento entre homossexuais. Pacheco Pereira volta a provar que é o rei dos desdobramentos: tão depressa fala na SIC como posta no Abrupto. O facto mais insólito do dia não foi ver Jorge Sampaio a presidir a uma mesa de voto mas sim a ser entrevistado pela Al Jazeera.
Em síntese, 2,238 milhões de portugueses - eu incluída - defendem que uma mulher que aborta não é uma criminosa. Parece-me um excelente princípio.

07/02/07

Isto é que é amor, ok?

«Um grupo de arqueólogos em Itália encontrou dois esqueletos humanos abraçados, sepultados há 5000-6000 anos. Os dois esqueletos devem ser de um homem e de uma mulher, embora isso ainda necessite de confirmação. O casal morreu jovem porque a maioria dos seus dentes estava intacta e pouco desgastada».

(in Público)

06/02/07

Tunning

A União Portuguesa de Tunning quer porque quer uma legislação específica sobre as modificações em automóveis, para evitar que, segundo o seu presidente, os «proprietários de carros alterados sejam diariamente tratados como marginais». Parece-me um tanto exagerado. Em bom rigor, nunca vi ninguém a açoitar alguém só por causa de umas jantes folclóricas ou de uns ailerons visíveis do espaço. Agora, lutar por uma lei que nos obrigue a achá-los uns virtuosos da estética mecânica já não é só um exagero. Entra no domínio da ficção.

05/02/07

James Brown

Nas cerimónias fúnebres atribuídas ao Homem de Neanderthal, os corpos ornamentados eram enterrados logo após a sua morte em covas cuidadosamente escavadas, decoradas com flores e outros motivos simbólicos. Nos dias de hoje, coloca-se o morto num caixão, que é selado e levado para parte incerta. Nas semanas seguintes, acontece um ritual que consiste em pôr os familiares todos uns contra os outros para ver quem é que consegue arrebanhar as economias todas do defunto. O cerimonial dura, pelo menos, cinco semanas mas pode prolongar-se ad eternum.

Em que estádio da civilização é que nos encontramos, exactamente? Baralhei-me.

01/02/07

Ich Bin Ein Französisch

Desde as zero horas desta quinta-feira que é proibido em França fumar em espaços públicos e no local de trabalho. Os franceses, culturalmente associados ao cigarro, têm agora um ano para se prepararem para uma lei ainda mais apertada (in Sol online).