15/10/09

Um homem discreto

Há oito anos, José Macedo mudou-se para Poissy, perto de França, e por lá morreu em Novembro de 2007, sem que ninguém desse por isso. As rendas continuaram a ser pagas por transferência bancária automática, a electricidade já havia sido cortada, e a correspondência transbordava da caixa do correio. O corpo foi descoberto na segunda-feira passada, sentado numa cadeira, depois de uma chamada anónima para as autoridades locais. O estado de decomposição era tal que só pelo número de série da prótese auditiva foi possível identificá-lo. O emigrante, natural de Braga, tinha seis filhos.
«Era um homem discreto e a nossa preocupação é com quem não paga a renda…», explicou uma funcionária da agência imobiliária encarregue daquele apartamento.
Vivemos tempos estranhos. Muito estranhos.