14/06/12

Em bom rigor,

este europeu, sabe-se lá porquê, insiste em não produzir em mim uma nesga que seja de interesse. Não encontro nenhuma lógica nesta indiferença embora também não a tenha procurado. Mas eis que, no meio desta estranha apatia futebolística que se apoderou de mim, há um neurónio meu que desperta para o tema. O motivo tem a ver com o Cristiano Ronaldo. Não com a sua compleição física, que nem essa me entusiasma, mas sim com este chorrilho de críticas e acusações que se abateu sobre o rapaz. A bem dizer, o meu neurónio não despertou com a surpresa, porque não há nenhuma aqui: jogadores, políticos, estrelas de cinema e telenovela e afins estão sempre na calha para serem criticados por inerência da profissão. O que irritou o meu neurónio foi constatar mais uma vez que há muitos portugueses - que falam na TV e nos jornais, nos cafés e nos sofás, no comboio e no supermercado - que continuam a acreditar que uma partida de futebol depende de um jogador barra herói. O rapaz é milionário, tem uma namorada gira, joga num dos melhores clubes do mundo, está no seu pico de forma, logo tem que salvar a nossa honra. Tem que marcar e desmarcar-se, correr, fazer acrobacias com a bola, fugir aos amarelos e às provocações com elegância e sobretudo não pode falhar. Ora pois, não pode falhar. That´s the point. Não pode porquê? Onde é que está escrito que ele não é igualzinho a nós com as suas fraquezas e os seus momentos de menor inspiração, que é imbatível e que vence jogos sozinho? Infelizmente, tem aparecido escrito em tudo quanto é jornal nos últimos dias, portanto, o meu neurónio cansou-se e acaba de partir em busca de novos interesses.