mais mesquinha
e desprezível dentro de uma empresa do que a bufaria. Sem falsos moralismos,
concedo – também já os fiz – comentários maldosos sobre chefias, colegas, clientes.
Este tipo de maledicência, normalmente, esgota-se dentro de um círculo fechado,
sem outros frutos que não uma gargalhada ou uma piada de circunstância. Um
comentário sobre o mau hálito de um administrativo ou sobre os sapatos feios de
um director não tem consequências para ninguém, nem sequer para o inocente alvo
que há-de continuar despreocupadamente a falar a dois cm do nariz do próximo ou
a exibir os seus magníficos mocassins plastificados de biqueira fina. E é
perfeitamente democrático: haverá sempre um momento da nossa vida, em que
seremos nós o alvo. Calha a todos e ainda bem.
Já a bufaria pertence a um
campeonato diferente. Distancia-se da fofoca logo no objectivo. O bufo quer
chegar a algum lado, ou seja, bufa para tramar alguém. O galhofeiro orgulha-se
do que faz, que é simplesmente divertir-se e divertir os outros, o bufo tem
vergonha de si próprio, precisa de se promover, tem um objectivo claro e
definido. Usa um tom gelatinoso para actuar. Nunca é "pessoa para isso", está a
bufar porque "a situação assim o exige". Porque "os interesses da empresa estão à
frente das relações pessoais". O galhofeiro não pensa no futuro, vive o momento,
é destemido e ataca ao pé da máquina do café, o bufo investe no longo prazo, é cobarde
e age na surdina. Esgueira-se em passos de pantufa até à sala do patrão onde verte o seu fel, num fio de voz doce e cândido.
Isto tudo porque hoje esbarrei num bufo em pleno exercício da sua actividade e, para evitar o vómito, parti
em busca de cafeína. Abençoada máquina de café.
*este post tem uma destinatária que, infelizmente, não é exemplar único na empresa onde ambas trabalhamos. Mas, sem dúvida, que é a que tem maior taxa de sucesso.
*este post tem uma destinatária que, infelizmente, não é exemplar único na empresa onde ambas trabalhamos. Mas, sem dúvida, que é a que tem maior taxa de sucesso.