17/03/06

Chá em Belém

Ontem houve feira em Carcavelos, tal como em todas as quintas-feiras. Curiosamente, este também foi o dia instituído (por não se sabe muito bem quem) para a reuniãozinha do presidente da nossa república com o primeiro-ministro do nosso governo. É uma pena porque os dois ficam assim impossibilitados de ir espreitar as últimas novidades em camisas Lacoste com o crocodilo invertido ou DVDs de filmes em cartaz que trazem extras como cabeças de espectadores que se aninham nas suas cadeiras na sala de cinema.
Adiante...
Ontem, este acto social aconteceu pela primeira vez entre Cavaco Silva e José Socrates. Parece que correu tudo bem. Habitualmente, este encontro é coisa para demorar uma hora e picos mas o primeiro-ministro ficou em amena cavaqueira (literalmente) durante cerca de duas horas e meia. Até mandou desmarcar um compromisso para estar mais à vontade! Por seu turno, o presidente preparou-se com entusiasmo para o acontecimento e procedeu a alterações na decoração da sala de reunião. Mandou retirar o sofá que lá estava, substituíndo o dito por uma mesa e duas cadeiras iguazinhas. Até podia reservar uma melhor para si que é presidente mas não: justo e generoso como só ele sabe ser, fez questão que as duas fossem gémeas. E a mesa dá imenso jeito aos dois para colocarem os seus utensílios de trabalho (fica muito melhor nas fotografias e tudo). Nos jornais de hoje, era vê-los, sorridentes e cúmplices a olharem um para o outro. Um miminho. Só houve uma coisa que eu não percebi. Antes, durante e depois da campanha presidencial, Cavaco Silva fartou-se de dizer que o que mais queria era "cooperação estratégica" com o Governo. Se assim é porque é que houve um reforço significativo em termos de segurança logo na primeira reunião dos dois? Porquê tantos agentes à paisana espalhados pelo local? Medo não podia ser. Toda a gente sabe que o que não falta em Belém são amigos do presidente. Só o Conselho de Estado está apinhado deles.

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