24/06/08

Quando é que chega a minha vez?

Depois dos camionistas, dos pescadores, da malta dos reboques e dos utentes da ponte, os agricultores "Não temos alternativa senão continuar os protestos. É a única linguagem que é ouvida pelo Governo", jura um tal de João Dinis, da direcção da Confederação Nacional da Agricultura. Excelente argumentação: ir para a rua gritar e parar o país que não produz um pingo de petróleo e está totalmente dependente do exterior é sempre uma opção viável. Resta saber para quem.

12 comentários:

Francis disse...

A verdade é que foi aberto um grave precedente.

Ana disse...

Apoiado!

Luís F. disse...

Funcionou com os camionistas... agora aguentem-se!

Capitão Gancho disse...

" Estava o Pai á mesa com os seus 4 filhos e a mulher, e a todos foi distribuido uma certa porção de comida. As dificuldades económicas ditaram uma certa racionalização na comida, pelo que ansiosos e esfomeados esperavam ordem do Pai para iníciarem o repasto.
Nisto um deles deu um murro na mesa e gritou:
isto não pode continuar. Não aceito só comer esta porção, farto-me de trabalhar e esta comida não é suficiente, exijo MAIS.
Apercebendo-se da revolta do filho e que, este podia contagiar os outros prejudicando o ambiente, o pai, foi ao prato dos outros 3 filhos e ao dele e retirou uma porção de comida todos,recolocando-a no prato do revoltoso que de olhinhos vitoriosos e inchado pela vitória deu início á refeição.

Nisto, outro dos filhos empurrou a mesa e gritou: Eu não como só esta comida, eu também trabalho e preciso de ter forças. De imediato outro filho deu um pontapé na mesa e reclamou o mesmo.
O pai levantou-se, assumiu um ar severo de quem iria controlar a situação e disse:
Certo vou dar-vos o que quereis, mas eu, a vossa mãe e o vosso irmão pequeno, ficamos sem jantar para que vocês estejam satisfeitos.

E assim o filho camionista, o filho pescador e o filho agricultor, radiantes pelo sucesso alcançado " alambazaram-se " com a comida da restante familia."

Podia até ser uma história inventada, para passar o tempo neste mar sem fim, mas...tirem lá as vossas conclusões...

Suzi disse...

Imagina que aqui, no meu trabalho, haverá paralisação, um "ATO PÚBLICO", para protestar contra o novo sistema de acompanhamento de processos implantado.
Pasme!!!!


______
(eu te mandei um e-mail, sim?)

SC disse...

Pois...!

Talvez para os jornalistas. Esses sempre andaram ocupados. Pelo menos, os que tinham combustível.

JC disse...

Excelente argumentação é a sua. Pela sua lógica, como não temos petróleo, nunca poderíamos reivindicar. Essa está boa!

Então se os outros podem, porque haverão de ser os agricultores diferentes? não podem é?

Além do mais os agricultores nunca fariam o que os camionistas fizeram. Uma coisa é protestar, outra é boicotar o país. E também não estou a ver os agricultores a coagirem os seus colegas de profissão, como vi alguns camionistas fazerem agredindo pessoas, apedrejando camiões, perseguindo quem não parava,queimando camiões..uma coisa é desobediência civil, que é um dieito, outra é desobediência criminosa, que é condenável.

Não misture alho com bugalhos!

reb disse...

Se se revoltarem todos aqueles a quem o aumento do combustível mais afecta, talvez o governo páre para pensar que é melhor ajudar essas pessoas do que investir biliões em comboios de alta velocidade...
Servem para quê?

João o Protestante disse...

A paralisação mais assustadora que os punha em sentido era o pessoal da informática fazer greve nos principais servidores nacionais e criar um "apagão" a nivel nacional.... isso é que era!

Anónimo disse...

Fui ontem encher novamente o depósito.

Já não o fazia desde de uns dias antes daquelas greves dos camionistas que me passou mesmo ao lado.

1entre1000's disse...

enfim...

JC disse...

Já agora, deixo aqui um texto do Ricardo Araújo Pereira na revista "Visão":

"Talvez um dos sinais mais importantes para perceber o nosso tempo (isto supondo, claro, que é possível perceber o nosso tempo) seja o facto de o Oráculo de Delfos ter perdido toda a sua popularidade para o Oráculo de Bellini. A diferença essencial entre os dois é que o segundo leva 75 euros à hora. De resto, o primeiro recomendava «Conhece-te a ti mesmo», o que, pelo menos no meu caso, constitui um péssimo conselho. Conheço-me apenas de vista, e já é bom. Um conhecimento profundo obrigaria a uma convivência mais intensa, e eu não me dou com gente desta. Sei apenas que dificilmente mereço fazer parte daquilo a que se chama Humanidade. Enquanto grupo, percorremos um longo caminho, desde o macaco até àquilo que somos hoje, mas eu não há maneira de o esconder continuo inquietantemente próximo do macaco.

A Humanidade foi à Lua, é certo, mas eu não sei como. Às vezes tenho dificuldade em ir à Brandoa sem parar para pedir indicações. Parece que fizemos a fusão do átomo, mas eu, pessoalmente, nem sei reconhecer um átomo se o vir na rua, quanto mais fundi-lo. Em contraponto, descasco maravilhosamente amendoins. Sou competente a catar piolhos. Aprecio uma banana de vez em quando. Não me digam que não continuo mais próximo do macaco do que do homem moderno.

A minha sorte é que o mundo não é do homem moderno. O mundo, percebemo- -lo esta semana, está nas mãos dos camionistas. A mesma sociedade que coloca uma sonda em Marte paralisa se os camionistas se chateiam. A era da tecnologia, da Internet, dos arranha-céus e da conquista do espaço não pode nada contra os profissionais da camionagem. A Humanidade descobriu vacinas para quase todas as doenças, mas os camionistas conduzem veículos que são mesmo muito pesados. A Humanidade inventa máquinas, constrói pontes e escreve poesia, mas os camionistas atiram pedras e aquilo aleija. A Humanidade não tem hipótese nenhuma contra os camionistas.

Parece claro que o homem mais poderoso de Portugal não é José Sócrates, nem Belmiro de Azevedo, nem Manuel Luís Goucha (embora eu não seja daqueles que negligenciam o poder do programa Você na TV). O homem mais poderoso de Portugal é o Cajó, que conduz um Scania de 12 rodados. Se ele convencer os amigos a não trabalharem durante 15 dias, acaba a comida, a água e a gasolina. A nossa civilização está a uma semana de distância do estado de sítio. Se o Cajó acordar maldisposto, isto descamba."

O Cajó é um gajo tramado