09/08/11

A coisa boa

de ir a uma sala de cinema da Zon Lusomundo é que uma pessoa sente-se a viver uma experiência adolescente, com o seu quê de radical. Chega à sala, leva logo com uma boa composição de anúncios - uma média de 20 por sessão - cuidadosamente seleccionados para o consumidor que gosta de ser tratado por tu. O ambiente é super cool: as sessões têm hora marcada mas como as pessoas já não sabem a que horas começa realmente o filme vão aparecendo aos poucos, sem pressas, convidando os espectadores pontuais a uma coreografia de levanta e senta na cadeira semelhante às ondas que se fazem nos concertos. Enquanto isso, a meia luz da sala propicia bons momentos de convívio e conversa solta até que alguém repara que está a passar um trailer. A partir daí e até ao final do filme entram em cena os ruídos provenientes de centenas de mãos a mergulhar furiosamente nos alguidares de pipocas em busca da pipoca mais difícil - a que se encontra mesmo, mesmo no fundo - som ao qual se junta uma magnífica orquestra de milhares de sorvos de coca-cola em palhinhas, numa sobreposição constante com o som do próprio filme que só termina quando as luzes se acendem e a multidão se dirige à porta de saída, deixando atrás de si uma alcatifa de padrão multicolor, feito de pipocas esmagadas e restos de copos de cartão. Ir aos cinemas da Zon Lusomundo pode e deve ser tão divertido como uma saída para os copos. As diferenças são cada vez menores.