21/08/12

A minha

memória anda uma treta mas tenho ideia de que foi em 2004 que o então primeiro-ministro José Sócrates deu uma entrevista ao Expresso onde, além de se caracterizar como um "animal feroz" ou coisa que o valha, fartou-se de fazer citações, à média de uma por resposta. A verborreia valeu-lhe um ataque cerrado, sobretudo dos mais distintos intelectuais cá do nosso Portugal, que não apreciam ameaças ao seu monopólio de competências literárias. Pois bem, ando a lembrar-me muito desta entrevista ultimamente e não é por causa das tais citações - até porque não retive nenhuma com excepção da tirada autobiográfica já mencionada - mas sim porque me apercebi ultimamente que não há jornalista, cronista, escritor, político ou criatura que dê uma entrevista ou escreva uma opinião por esses muros e murais fora que resista a encher de citações quaisquer meia-dúzia de caracteres que lhes ponham à disposição. Para essa gente amável e amiga, sempre com um Dostoievski na ponta da língua pronto para exibir ao mundo, deixo aqui um pequeno contributo. "O melhor estilo é o que narra as coisas com simpleza, sem atavios carregados e inúteis". (Machado de Assis, pois).