24/05/06

Será possível?

Acho que sou uma pessoa tolerante com os adolescentes. Compreendo que eles escrevam tudo com "k", que digam um ou outro palavrão, que vibrem com os "Morangos", que apanhem uma piela numa festa de aniversário, que não gostem de arrumar o quarto, que sejam apanhados aos mélos à porta da escola ou que vejam na figura maternal a pessoa mais chata do mundo.

É assim a adolescência. Há que errar até acertar.

Já não consigo fechar os olhos aos que estão a sair da adolescência sem ter aprendido nada com ela. Por exemplo, o "Jornal de Notícias" divulga hoje um estudo efectuado na Universidade de Coimbra que dá arrepios. Eis alguns dos resultados:
- 32,3% dos inquiridos concorda com a prática de actos de violência física ou simbólica no âmbito da praxe académica.
- 28% discordam da ideia de que a praxe deve ser facultativa e respeitar quem não quiser aderir.
- 80% dizem-se favoráveis à discriminação sexual, recusando qualquer revisão do código da praxe que igualdade os direitos de homens e mulheres.

Estes jovens estudam na Universidade e serão os nossos gestores, políticos, médicos, advogados, juízes, jornalistas, professores, arquitectos, cientistas, empresários.
São os homens de amanhã. Mas quando é que vão crescer?

17 comentários:

Anónimo disse...

Pois... preocupante, muito mesmo.

Obrigada pelas suas visitas. :))

tulipa_negra disse...

apesar de concordar contigo, não posso deixar de fazer um comentário.
não concordo que os inquiridos estejam "a sair da adolescência", pelo contrário, apesar de serem estudantes, a meu ver devem ser considerados adultos (pelo menos, na Univ. de Coimbra é assim que são tratados). em segundo, tenho sérias dúvidas em relação à transparência desse estudo (tipo de perguntas, grupo de inquiridos) efectuado.

johnny handsome disse...

Estes jovens são uma cambda de palhaços para não dizer outra coisa.

Desafio qualquer um a desmentir os seguintes pontos:

1- Antes do 25 de Abril, e sempre, nunca houve praxe académica a não ser em Coimbra. Pelo menos com tradição e com código (está publicado pelos doutores e possuo um exemplar de 1946).

2- Nunca a violência foi preconizada nas praxes. As sanções mais graves resumiam-se a "sanção de unhas" e "corte de cabelo". Mais nada. Tudo o resto são invenções e desvios patológicos que, bem estudaos diriam muito sobre a espécie de jovens que os defende e incentiva.

3- As mulheres raramente entram na praxe académica nem sequer como vítimas. Eram defendidas no regulamento da praxe coimbrã (a única e verdadeira)

Posto isto só resta arrumar o assunto, não fazer caso dessa garotada e punir criminalmente os actos praticados de acordo com a lei civil uma vez que a praxe (a verdadeira) só se aplica à cidade de Coimbra.

Luís F disse...

Concordo! As praxes são um disparate… Quem não alinha fica na lista negra e sofre represálias (alguns desses casos são conhecidos e foram amplamente noticiados). O estudo que referes é bem elucidativo da malta que frequenta as faculdades e parece-me que a coisa não vai mudar tão cedo. A única esperança que nos resta é que nem todos são assim e que poderemos confiar no futuro…

Anónimo disse...

Tens toda a razão. A mim apetece esbofetear esses tipos. Eu sei que seria descer ao nível deles, mas esta geração está a precisar de uns açoites....são no mínimo ridículos....

L. Rodrigues disse...

A praxe de Coimbra tem raizes profundas que a esmagadora maioria dos estudantes não conhece. O pior que acontece, é os estudantes de Coimbra emularem as distorções da sua própria tradição que pululam pelo país fora.

O código de 1947 a que tantos se referem, foi um erro. A tradição de Coimbra sempre foi fluida, acompanhando os tempos e funcionando como contra poder, dentro da universidade e até no país. Ao ser escrita ficou cristalizada e vulnerável.

A função de uma grande parte das regras impostas pela praxe coimbrã, era a autoregulação dos estudantes, garantindo que quem chegava de novo, o caloiro, adquiria a disciplina necessária para levar o curso a bom termo. Isso aconteceu pelo século 18, depois da extinção do corpo de Verdiais, uma espécie de "polícia académica".

Custódia C. disse...

Concordo com o que dizes e também com a Tulipa quando diz que devem ser considerados adultos. As humilhações praticadas, são inadmissíveis e totalmente injustificadas. As praxes deveriam ficar na memória de quem se inicia na vida académica, como a melhor das recordações e não como um trauma, mutas vezes difícil de ultrapassar.

frosado disse...

apesar de tudo, não se pode tomar a parte pelo todo! os meninos que andam nas faculdades são, na maior parte dos caso, mimados e privilegiados. Falta-lhes, a alguns, repito, conhecer o mundo e a vida. Os pais deram-lhes tudo sem pedir nada em troca e, se calhar é por isso.

Araj disse...

Para contrariar.

Adorei a minha praxe, enquanto caloiro...
Sou a favor da praxe, mas nunca da praxe que englobe violência física e psicológica...
A descriminação sexual é coisa do século passado.

"DURA PRAXIS, SED PRAXIS"

Sofia disse...

Obg Marta pelo comentário que me deixaste no meu blog :)
eu confesso que cada vez sou menos tolerante com os adolescentes, a paciência começa a não ter limites!!!
Wuanto à linguagem dos K's a maior parte das vezes para mim é até incompreensível!

beijinhos e volta smepre aos meus bsicoitos e carícias
Sofia

Anónimo disse...

O problema é que já cresceram.

Anónimo disse...

Já repararam que, em países onde as universidades são levadas a sério, não há praxes? As praxes sao práticas próprias de países subdesenvolvidos, onde a ascensão social é claramente delimitada. a entrada na Universidade é, assim , marcada e marcante. Tem que se incutir nos recém-chegados a noção de que passam a fazer parte de um corpo de elite, com regras e normasdistintas. Daí a praxe.

Ana disse...

Adorei o meu tempo de caloira e não faltava a uma "sessão"! Guardo recordações fantásticas e extremamente divertidas desses tempos :) mas, daí a concordar com praxes violentas ou ofensivas vai uma grande distância!
Como em todo o lado, também na praxe há de tudo e isso é que está mal!
Há coisas super divertidas e educativas até que se podem fazer em praxe, sem cair na ordinarice, na violência, na discriminação...
E assim, sim, sou a favor da praxe!

Anónimo disse...

Teu corpo é tudo o que brilha
Teu corpo é tudo o que cheira
Rosa, flor de laranjeira

Teu corpo, claro e perfeito
Teu corpo de maravilha
Quero possui-lo no leito estreito da redondilha

Teu corpo, branco e macio
E' como um véu de noivado.
Teu corpo é pomo doirado,
Rosal queimado de estio
Desfalecido em perfume
Teu corpo é a brasa do lume

Teu corpo é chama
E flameja como à tarde os horizontes
É puro como nas fontes a água clara que serpeja,
Que em cantigas se derrama, volúpia da água e da chama

Teu corpo é tudo o que brilha,
Teu corpo é tudo o que cheira.

A todo momento o vejo
Teu corpo, a única ilha no oceano do meu desejo

Out of Time disse...

A praxe pelo que aqui ficou dito funcionou como cerimonial de integração. Não faz sentido ser integrado com algo que humilha e degrada.
Tudo se perverte com esta nova onda de praxes que mais não são do que a tentativa de reviver uma memória que já não existe.Fica tudo reduzido ao denominador comum, brutalidade e machismo militante.

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