«Desejaria uma mulher capaz de dirigir um bom jantar e até de o fazer, sendo preciso... mas que não me massacrasse com queixas por causa do racionamento e dificuldades do mercado: a falta de peixe, o preço das batatas, etc. Nem me contasse intermináveis histórias domésticas: a criada que namora um polícia, o gato que bebeu o leite (...).
Uma mulher que me deixasse ler o jornal em paz, sem me interromper a cada momento ou ficando amuada porque não lhe presto atenção (...) Uma mulher que não olhasse para a minha mãe com olhos de nora ciumenta (...) mas que fosse para ela mais uma filha, evitando-me complicações familiares (...)
Uma mulher que não me desiquilibrasse o orçamento com as contas da modista mas que se contentasse de vez em quando com um vestido arranjado (...) Uma mulher capaz de compreender a doce sujeição que a esposa deve ao marido e não proclamasse a cada momento "cá em casa mando eu"(...) Uma mulher que não continuasse a flirtar depois de casada (...) e que só a mim desejasse agradar (...) Uma mulher que não fosse uma máquina falante, tagarelando sem descanso, mesmo quando não tem nada que dizer.
Por conseguinte, a mulher ideal deverá ser boa dona de casa mas sem massar os outros com os acontecimentos caseiros, compreensiva dos gostos e necessidades alheios, afectuosa para a família do marido, pontual, discreta, económica, sincera e leal, com bom génio, dócil, séria, pouco tagarela e sem usar baton. Será alguma de vós o melro branco?»
Revista Menina e Moça (M&M), edição de Janeiro de 1948 - Excerto retirado do livro 'Mocidade Portuguesa Feminina', da historiadora Irene Flunser Pimentel
15 comentários:
1948??
Às vezes tenho a impressão que o texto é tão atual!
p.s.
já se encontra, à venda, um exemplar do tipo, mas atende pelo nome de "robô doméstico". mas talvez ainda não atenda aos interesses, porque, como toda máquina que se preza, custa caro e exige manutenção.
:o\
ahahahahahahahahahahah
outros tempos.
concordo com a suzi... de facto houve partes q m pareceram tao presentes...
Passados 60 anos, muito “bom” homem ainda sonha com uma mulher assim…
Melro branco? Adoro. hahahahahahahaha
grande lol
o que eu me ri com este texto
a tua veia humorística está ao rubro hoje, marta!
espero que o melro branco nunca tenha pousado em tal quintal...
são as originais de ermesinde ?
aquelas muito boas muito boas ?
eh pah...era mesmo isso! mesmo mesmo...e que ainda fosse, acima disto tudo como diz a canção do marco paulo: "uma lady na mesa, e uma louca na cama"!
Tenho de concordar com a seguinte informação:
"Uma mulher que não continuasse a flirtar depois de casada"
Este livro está de facto, um retrato genial de uma determinada fatia da sociedade portuguesa da época :)
quantos sonham ainda com uma mulher assim? e quantas ainda são tratadas assim?
Uma coisa é certa, não viveria com uma pessoas que não DESEJA-SE ser assim, ou que fosse em tudo o contrário.
Mas as mulheres já não são todas assim ? !!!
Luís Maia
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